Últimos dias
My whole existence is for your amusement
And that is why I'm here with you!
Nirvana, Paper Cuts
O filme de Gus Van Sant é indigesto, mas pergunto-me se haverá outra maneira de filmar aquilo. Os últimos dias de Cobain, sobre os quais pouco ou nada se sabe, permanecem ali sem explicações, limitando-se a câmera a recolher vestígios, apontamentos, do que seria a sua consciência envenenada e hesitante. Não é um filme fácil, como não foi fácil aceitar a morte dele, mas não é um mau filme. Encontro apenas uma falha, que talvez desequilibre um pouco a atmosfera que se pretendeu criar: Van Sant recorre à circularidade que havia utilizado em Elephant, filmando diversos pontos de vista sobre a mesma acção, o que contribuiu, nesse filme, para uma certa desorientação e para reforçar a expressividade dos factos retratados. Já em Last Days o exercicío parece inútil. A que propósito, quando o realizador aposta numa observação austera, quando tudo aquilo é grave, parcimonioso e discreto. A que propósito se insere um efeito naquele bloco cinzento, sem que isso contribua para nada mais do que um jogo com o público. É quase como fazer chalaça num funeral. O que é uma pena, pois esses truques acabam por desviar-nos do que poderia ser um compacto de desolação e desespero.
And that is why I'm here with you!
Nirvana, Paper Cuts
O filme de Gus Van Sant é indigesto, mas pergunto-me se haverá outra maneira de filmar aquilo. Os últimos dias de Cobain, sobre os quais pouco ou nada se sabe, permanecem ali sem explicações, limitando-se a câmera a recolher vestígios, apontamentos, do que seria a sua consciência envenenada e hesitante. Não é um filme fácil, como não foi fácil aceitar a morte dele, mas não é um mau filme. Encontro apenas uma falha, que talvez desequilibre um pouco a atmosfera que se pretendeu criar: Van Sant recorre à circularidade que havia utilizado em Elephant, filmando diversos pontos de vista sobre a mesma acção, o que contribuiu, nesse filme, para uma certa desorientação e para reforçar a expressividade dos factos retratados. Já em Last Days o exercicío parece inútil. A que propósito, quando o realizador aposta numa observação austera, quando tudo aquilo é grave, parcimonioso e discreto. A que propósito se insere um efeito naquele bloco cinzento, sem que isso contribua para nada mais do que um jogo com o público. É quase como fazer chalaça num funeral. O que é uma pena, pois esses truques acabam por desviar-nos do que poderia ser um compacto de desolação e desespero.
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