Caramelle (2)
No centro da mesa, guardanapos de papel grosso sobre ameixas e abóboras cristalizadas. Alguns papos-de-anjo no frigorífico, ao lado de queijos, um pudim e pouco mais de três colheradas de aletria. Um caco verde esquecido debaixo de um móvel (o único que se salvara após o aspirador ter limpo os destroços de um acidente – um tropeção, uma criança, alguns berros). Dois sacos junto à entrada repletos de papel de embrulho e de fita cola. Um homem na rua, orgulhoso dos seus sapatos, aproveitando qualquer instante para os observar. Uma manta azul guardada nos fundos de um armário após breve reflexão (o lixo teria sido a outra hipótese). Um polícia caminhando devagar, ainda entorpecido pela jornada de vinhos e de champagne. A mulher da caixa recolhendo com desânimo o mealheiro de boas festas. Um dos enfeites da praça já tremeluzente, com mais de cinco lâmpadas fundidas. A despedida de um grupo de pessoas à porta de casa (metade tem malas, metade diz adeus). Foi certamente Natal um dia destes.
1 Comments:
Muita parra, pouca uva. Bebo um copo de vinho.
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