Notas avulsas sobre 22
Soares: Era o meu candidato e lamento este descer do pano sobre a sua vida política (se é que é mesmo o final da peça). Escolhi votar nele por três razões fundamentais: a primeira é que olho para o século XX e me surgem duas figuras que se sobrepõem a todas as outras na vida política portuguesa. Uma por más razões (Salazar), e outra, apesar de tudo, pelas boas razões (Mário Soares). O segundo motivo é que entendo que um Presidente da República (pelo modo como está definido na Constituição) deverá ser, acima de tudo, um regulador das instituções e um representante do país. E eu imaginava um mandato sereno de Soares, figura respeitada e prestigiada. Imaginava-o quase a dormitar na sua poltrona, ao longo de cinco anos, sem interferir com o governo e deixando uma imagem simpática do país. A terceira razão é prosaica: não havia mais nenhum candidato que me entusiasmasse.
Cavaco: Acho-o um personagem seco e desinteressante, o tecnocrata que gerou o novo riquismo português em época de vacas gordas e não contribuiu para a necessária "reforma de mentalidades". Mas não me causa pavor o Cavaco (ao contrário de alguns "cavaquistas"), e até lhe reconheço boas características: a capacidade de trabalho e o rigor. Durmo descansado, na esperança de que as veleidades de alguns dos seus apoiantes não se confirmem e de que ele próprio refreie os seus ímpetos intervencionistas. É agora o meu Presidente e merece-me respeito.
Alegre: Ainda pensei, inicialmente, votar Manuel Alegre. Mas depois das entrevistas, dos debates e da maior parte das intervenções a que asssti, o poeta apareceu-me como balofo. A cruzar retóricas provincianas da tourada e do bom vinho com a evocação do Portugal glorioso dos Lusíadas. Sem conhecimento das matérias, sem uma noção do cargo. Apresentando-se como enfant terrible do sistema, quando toda a vida fez parte desse sistema e só não continuou porque foi rejeitado. A famosa "cidadania", muito francamente, soa-me a bullshit, mas um milhão de votos é algo para reflectir. E talvez Alegre seja o homem errado para as questões certas.
Sócrates: A imagem do Primeiro Ministro apoiado numa muleta é bem o símbolo do actual momento no Largo do Rato. Toda a gestão das presidenciais foi desastrosa para o PS, e bem pode o seu líder suspirar de alívio pela ausência de eleições nos próximos três anos. A cena triste de barrar a visibilidade a Manuel Alegre, interpondo a sua declaração no momento em que o poeta falava, foi absolutamente deplorável.
TVI: Consegue sempre levar o prémio da boçalidade e do mau gosto. Eu vejo dois minutos de Manuela Moura Guedes e fico mal disposto. É a televisão da acrimónia, do boato, do enxovalho em público dos convidados, da opinião imbecil de gente que não consegue ficar calada. E das sondagens mais bizarras de que há memória.
E pronto: a vidinha segue dentro de momentos.
Cavaco: Acho-o um personagem seco e desinteressante, o tecnocrata que gerou o novo riquismo português em época de vacas gordas e não contribuiu para a necessária "reforma de mentalidades". Mas não me causa pavor o Cavaco (ao contrário de alguns "cavaquistas"), e até lhe reconheço boas características: a capacidade de trabalho e o rigor. Durmo descansado, na esperança de que as veleidades de alguns dos seus apoiantes não se confirmem e de que ele próprio refreie os seus ímpetos intervencionistas. É agora o meu Presidente e merece-me respeito.
Alegre: Ainda pensei, inicialmente, votar Manuel Alegre. Mas depois das entrevistas, dos debates e da maior parte das intervenções a que asssti, o poeta apareceu-me como balofo. A cruzar retóricas provincianas da tourada e do bom vinho com a evocação do Portugal glorioso dos Lusíadas. Sem conhecimento das matérias, sem uma noção do cargo. Apresentando-se como enfant terrible do sistema, quando toda a vida fez parte desse sistema e só não continuou porque foi rejeitado. A famosa "cidadania", muito francamente, soa-me a bullshit, mas um milhão de votos é algo para reflectir. E talvez Alegre seja o homem errado para as questões certas.
Sócrates: A imagem do Primeiro Ministro apoiado numa muleta é bem o símbolo do actual momento no Largo do Rato. Toda a gestão das presidenciais foi desastrosa para o PS, e bem pode o seu líder suspirar de alívio pela ausência de eleições nos próximos três anos. A cena triste de barrar a visibilidade a Manuel Alegre, interpondo a sua declaração no momento em que o poeta falava, foi absolutamente deplorável.
TVI: Consegue sempre levar o prémio da boçalidade e do mau gosto. Eu vejo dois minutos de Manuela Moura Guedes e fico mal disposto. É a televisão da acrimónia, do boato, do enxovalho em público dos convidados, da opinião imbecil de gente que não consegue ficar calada. E das sondagens mais bizarras de que há memória.
E pronto: a vidinha segue dentro de momentos.
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