'Jarhead' ou a nostalgia de uma boa morte
A grande preocupação de Jarhead, realizado em 2005 por Sam Mendes, parece ser a de nos dar uma "visão nostálgica" do soldado de infantaria. O filme explica-nos, a partir da experiência da primeira guerra do Golfo, como o soldado sofre durante o treino, como lhe é incutida a agressividade guerreira que não olha a questões políticas nem interroga as suas missões. O soldado é treinado para matar, e esse objectivo deverá mesmo transcender o "não matarás" escrito na bíblia.
Mas além de uma obrigação, matar deverá ser também um desejo. O soldado andou a treinar-se para aquilo: é justo que possa agora matar uns quantos. E entra aqui a "nostalgia", a subtração desse "gozo" que a guerra moderna inevitavelmente traz. Os soldados queixam-se da aviação, queixam-se dos mísseis e das armas de longo alcance, queixam-se da superioridade militar do seu exército. O soldado serve agora para limpar retretes na rectaguarda, para debelar o tédio com masturbações e jogos de balneário. O soldado, quando chega à guerra, vive entre os fantasmas da traição no país distante e os tempos mortos naquele lugar estranho onde não acontece nada.
E quando finalmente se põe em marcha, após longos meses a limpar a arma, depara-se apenas com a destruição provocada pela tecnologia. Os inimigos estão mortos, carbonizados, e as suas armas quase nem se ouviram. A cena chave é quando dois snipers são enviados para um aeroporto com o objectivo de eliminar uns oficiais. Era o momento de glória, o culminar de um percurso árduo em que o único pensamento era aquele: poder matar. Mas acontece que os aviões arrebentam com tudo e eles vão para o desemprego. Sentem-se frustrados, inúteis, e entretanto a guerra acaba. Não mataram ninguém (nem sequer dispararam), andaram para ali a sujar-se uns dias no meio do deserto.
E daí a recuperação de imagens de Apocalypse Now, e da cena em que os helicópteros iniciam o ataque ao som da Cavalgada das Valquírias, de Wagner. A euforia com que os soldados assistem ao filme é a nostalgia do tempo em que "alguém se divertia", em que alguém matava e podia realmente ver aquilo que matava. No final de Jarhead ficamos inconsoláveis, a chorar baba e ranho pelos pobres soldados, desprovidos da sua função e destino, arrancados à glória por essas malditas máquinas que comem tudo e não deixam nada.
Mas além de uma obrigação, matar deverá ser também um desejo. O soldado andou a treinar-se para aquilo: é justo que possa agora matar uns quantos. E entra aqui a "nostalgia", a subtração desse "gozo" que a guerra moderna inevitavelmente traz. Os soldados queixam-se da aviação, queixam-se dos mísseis e das armas de longo alcance, queixam-se da superioridade militar do seu exército. O soldado serve agora para limpar retretes na rectaguarda, para debelar o tédio com masturbações e jogos de balneário. O soldado, quando chega à guerra, vive entre os fantasmas da traição no país distante e os tempos mortos naquele lugar estranho onde não acontece nada.
E quando finalmente se põe em marcha, após longos meses a limpar a arma, depara-se apenas com a destruição provocada pela tecnologia. Os inimigos estão mortos, carbonizados, e as suas armas quase nem se ouviram. A cena chave é quando dois snipers são enviados para um aeroporto com o objectivo de eliminar uns oficiais. Era o momento de glória, o culminar de um percurso árduo em que o único pensamento era aquele: poder matar. Mas acontece que os aviões arrebentam com tudo e eles vão para o desemprego. Sentem-se frustrados, inúteis, e entretanto a guerra acaba. Não mataram ninguém (nem sequer dispararam), andaram para ali a sujar-se uns dias no meio do deserto.
E daí a recuperação de imagens de Apocalypse Now, e da cena em que os helicópteros iniciam o ataque ao som da Cavalgada das Valquírias, de Wagner. A euforia com que os soldados assistem ao filme é a nostalgia do tempo em que "alguém se divertia", em que alguém matava e podia realmente ver aquilo que matava. No final de Jarhead ficamos inconsoláveis, a chorar baba e ranho pelos pobres soldados, desprovidos da sua função e destino, arrancados à glória por essas malditas máquinas que comem tudo e não deixam nada.
1 Comments:
Se os atraiem, os jovens, para a tropa em mensagens dissimuladas em jogos de computador/consola é natural que depois lhes dêem um cenário virtual. O treino militar é que estraga tudo, cria falsas expectativas.
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