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[Adenda: daí a importância da literatura na democracia ocidental. Já se tem falado da herança iluminista e muito de liberdade de expressão. Ora a condição de liberdade que a literatura reclama, e de que sem dúvida necessita na sua configuração moderna, não se confunde com liberdade de expressão. Esta assegura ao sujeito a liberdade de se exprimir: mas trata-se evidentemente do sujeito responsável — imputável. A literatura assegura ou deve assegurar o direito de dizer tudo sem imputação além da ficcional: ao autor, em princípio sujeito responsável e imputável, não se pode atribuir nada do que digam as figuras dos seus livros. Sem isso não há literatura, quer dizer, sem a possibilidade de o escritor exprimir não aquilo em que acredita mas aquilo que recusa, não aquilo que defende mas aquilo que repudia — e livre de lhe imputarem uma coisa ou outra, e livre, sobretudo, da força que pergunta se os livros dele melhoram o estado do mundo.]
Adenda publicada no Casmurro por Abel Barros Baptista, que subscrevo inteiramente e me recorda estas frases de Derrida no livro de entrevistas Sob Palavra - Instantâneos Filosóficos.
(...) Insisto em geral na possibilidade de "dizer tudo" como direito reconhecido em princípio à literatura, para marcar não a irresponsabilidade do escritor, de quem quer que assine literatura, mas a sua hiper-responsabilidade, quer dizer o facto de a sua responsabilidade não responder perante as instâncias já constituídas. Poder dizer tudo a título de ficção, ou até mesmo de fantasma, é marcar que a instituição literária (...) é uma instituição indissociável do princípio democrático, quer dizer da liberdade de falar, de se dizer ou de não se dizer o que se quer dizer (...) Creio que há na literatura o risco da irresponsabilidade com efeito, ou da não-assinatura (digo seja o que for uma vez que não sou eu), ou o risco de confundir a ética e a estética, o risco de parecer, o do fetichismo; todos estes riscos são inerentes como uma possibilidade à literatura. (...)
Adenda publicada no Casmurro por Abel Barros Baptista, que subscrevo inteiramente e me recorda estas frases de Derrida no livro de entrevistas Sob Palavra - Instantâneos Filosóficos.
(...) Insisto em geral na possibilidade de "dizer tudo" como direito reconhecido em princípio à literatura, para marcar não a irresponsabilidade do escritor, de quem quer que assine literatura, mas a sua hiper-responsabilidade, quer dizer o facto de a sua responsabilidade não responder perante as instâncias já constituídas. Poder dizer tudo a título de ficção, ou até mesmo de fantasma, é marcar que a instituição literária (...) é uma instituição indissociável do princípio democrático, quer dizer da liberdade de falar, de se dizer ou de não se dizer o que se quer dizer (...) Creio que há na literatura o risco da irresponsabilidade com efeito, ou da não-assinatura (digo seja o que for uma vez que não sou eu), ou o risco de confundir a ética e a estética, o risco de parecer, o do fetichismo; todos estes riscos são inerentes como uma possibilidade à literatura. (...)
1 Comments:
Ola Trab. El fisioterapeuta que trbaja conmigo se va mañana a Porto.
Estará ahí hasta el sabado, ¿crees que podrías combinar con él? ¿le dejo mi librito de poemas para que te lo de?
Unha aperta
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