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segunda-feira, janeiro 30, 2006

Um, ninguém e cem mil



Ao vaguear pelos blogs, penso por vezes nas reflexões de Pirandello em Uno, nessuno e centomila (1925-26). É a história de um homem, Moscarda, que através de um simples comentário da mulher ao seu nariz ("Olha bem para ele: descai-te para direita") vê a sua identidade posta em causa e descobre que há uma infinidade de Moscardas na perspectiva dos outros. Esta "fragmentação", explorada obsessivamente no teatro de Pirandello, leva o protagonista ao reconhecimento das múltiplas consciências e de uma verdade terrível, inescapável: não conseguimos ver-nos viver. E portanto não fazemos a menor ideia se a imagem que temos de nós corresponde à imagem projectada para os outros. Pior: nem sequer sabemos qual delas é mais verdadeira. E se pensarmos que cada pessoa poderá ter uma diferente... Bom, então já compreendemos a espiral de loucura em que mergulha o personagem: obcecado com a "perseguição do estranho", que desaparece sempre que é visto ao espelho.

E vinha isto a propósito dos blogs. É que projectamos muito e por vezes tomam-nos por quem não somos (ou pensamos ser) e criam-se ideias erradas (ou certas) a partir dos posts que publicamos. Convém reflectir nisto antes de participar em qualquer mostra pública (mais ainda quando não vemos o público nem lhe conhecemos a procedência). Isto é válido para todos, evidentemente. Mas se no caso de uma figura pública, como Pacheco Pereira, que quase todos dias vemos ou lemos, essa personalidade (ou nariz) está já estabilizada, ou de tal forma esfrangalhada (o que vai dar ao mesmo), e o próprio está consciente, assumindo a inevitabilidades dos processos (e a sua impotência perante eles); trata-se de alguém experiente, que se largou à arena voluntariamente e possui já mecanismos para limitar os danos (ou pelos menos sabe da existência deles).

O mesmo não acontece àqueles que "crescem em público", já mais conhecidos ou ainda anónimos. Para não falar do habitual catálogo de disposições, confissões ou gostos pessoais, cinjo-me à questão das polémicas (que tantas vezes evoluem em tempo real). É neste ponto que devemos ser mais cuidadosos. Porque se já é difícil controlar o efeito dos nossos narizes quando somos ponderados e julgamos estar próximos do que pensamos (logo, mais seguros e preparados para as reacções), é imprevisível o resultado de uma "escrita a quente". Porque não é reflectida (ou suficientemente reflectida) e, a prazo, pode não pertencer a ninguém - não nos revemos nela, não podemos defendê-la (ou defendemos debilmente e por birrice) e, ponto três, projectamos algo que é falso para o meio dos outros. (E nós já temos suficientes chatices com aquilo que julgamos ser verdadeiro).

(...) Sejamos sinceros: nunca vos passou pela cabeça quererem ver-se viver. Esperam viver para vocês, e fazem bem, sem pensarem naquilo que, entretanto, possam ser para os outros; não porque a opinião alheia não vos interesse para nada, porque vos interessa e muito; mas porque vivem na ilusão tranquila de que os outros, de fora, devem ter de vocês a imagem que vocês têm de vocês próprios.
E se depois alguém vos faz notar que o vosso nariz descai um nadinha para a direita... não?, que ontem disseram uma mentira... nem assim? (...)

3 Comments:

Blogger FPM said...

Anda por aí alguma polémica onde NÃO queres entrar? Ou estou a ir para o hipertexto?

12:05 da manhã  
Blogger ris said...

estás a ir para o hipertexto. é só uma observação.

12:11 da manhã  
Anonymous Anónimo said...

Muito bom. Precisamente daqueles temas com que me confronto quase diariamente (os que não são dedicados a isso, são os dias em que me ofereço a Morfeu, nas múltiplas perspectivas), eu, que muitas vezes sou acusado por me preocupar em excesso com o que os outros pensam, também sobre mim (esqueçam as vertentes estéticas, como roupa ou postura, essas apenas reflectem a espuma dos dias). Mas também já me apercebi que a escrita "a quente", ou qualquer outro acto "a quente", pode ser um mecanismo, quase irreflectido mas pleno de vontade, de correcção do nosso nariz, apontando-o noutra direcção, que se pretende a mais desejável. Depois é só apanhar os cacos... nice post, dude. U r working on the matter.
Ricardo Paz Barroso

8:43 da tarde  

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