Um incómodo
Ao fim da tarde, enquanto lia, senti um burburinho estranho na mesa ao lado, ocupada por dois casais de idosos. Aparentemente, uma das senhoras estava a ter um enfarte. Perguntaram-me se era médico e eu respondi que não, mas que tinha um telemóvel. Pouco depois desencantaram um médico e chamaram o INEM. Neste processo todo, e como não havia nada que pudesse fazer, esforcei-me por continuar a ler. Estava numa parte interessante e não me queria desconcentrar. Lá chegou o INEM, e três coletes amarelos rodearam a senhora, que parecia estar melhor. Acabei por me ir embora para não estorvar.
Mas considerei tudo aquilo um incómodo. E observo que a literatura, definitivamente, não nos faz melhores.
Mas considerei tudo aquilo um incómodo. E observo que a literatura, definitivamente, não nos faz melhores.
3 Comments:
fabuloso
o melhor post que já escreveste, sem dúvida. Simples, ausente de floreados, sem grandes recursos estilísticos, "ao osso", como por norma se diz... vale a pena ler coisas dessas constantemente, mesmo que ao nosso lado uma ovelha esteja em pleno orgasmo...
muito bom
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