Cinemateca "Nacional"
Tiro na mouche de Augusto M. Sebra, no Público de hoje (assinalado também no Da Literatura), sobre a perpetuação do "insubstituível" Bénard da Costa. Não vou repetir o relambório dos méritos, dos Filmes da Minha Vida à excelente programação que corre em Lisboa. O problema é que eu não vivo em Lisboa, e pela parte que me toca a Cinemateca "Nacional" não existe. Não existe aqui, no Porto, como não existe em Viseu, Faro ou Viana do Castelo. Existe uma Cinemateca de Lisboa, cuja abertura ao País é nula.
Numa entrevista ao DN, em Maio de 2005, a directora do cineclube do Porto, Brígida Velhote, dizia inclusive que "é mais fácil contactar as cinematecas espanholas". E atendo-me ao Porto, donde fugiu o último cinema de bairro, o Nun'Álvares, e há uma escassez medonha de filmes de autor e documentários, é evidente que para este peditório não dou.
Numa entrevista ao DN, em Maio de 2005, a directora do cineclube do Porto, Brígida Velhote, dizia inclusive que "é mais fácil contactar as cinematecas espanholas". E atendo-me ao Porto, donde fugiu o último cinema de bairro, o Nun'Álvares, e há uma escassez medonha de filmes de autor e documentários, é evidente que para este peditório não dou.
ris | 12:03 da manhã
3 Comments:
Perfeitamente de acordo.
A soberba de Bénard da Costa até colhe algum impacto num país massificadamente pobre de espírito como Portugal, que ante os colossos, amarrados às "torres de marfim", se aninha - ou baixa as calças para usar de linguagem "moderna" (na pior das hipóteses, nem sabe que eles existem). A altivez tem tiques de clubismo por cá.
Portugal precisa é do inverso. Precisa de um período dramático de mudança estrutural, de caras, de saberes, de atitudes, de uma certa transversalidade comunitária, servindo os que nos rodeiam para que estes continuem a nos rodear.
E não leiam a expressão Revolução ou qualquer outra ruptura do género nestas minhas palavras. A "coisa" terá de ser sustentada e nunca um mero exercício de pirotécnica. Já nos basta o 25A.
Quanto a Benárd da Costa, alguém que aceda ao seu bunker intelectual poderia lembrar-lhe que os grandes espíritos de uma nação revelam por norma um maior desapego dos cargos. Quero acreditar que já houve portugueses assim...românticos, mas bons executantes dos excelentes projectos por eles mesmo concebidos.
Ricardo Paz Barroso
A Cinemateca não é de Lisboa, é Nacional, tal como o Museu Soares dos Reis é Nacional e não do Porto. E já agora, também gosto muito da programação da Casa da Música, mas infelizmente, não tenho podido lá ir... é uma chatice, esta história da geografia, não é? Também já dei para este peditório dos coitadinhos que não vivem em Lisboa.
Há uma coisa chamada "itinerância", cigano. O que no caso de bobines, ou suportes digitais, significa apenas alguns quilos e boa vontade. Se pensar bem, percebe que não é difícil pôr os filmes a circular (como circulam pelo Porto, às vezes, filmes provenientes de cinematecas espanholas). Repito: são apenas alguns quilos e boa vontade.
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