Watching the Wheels
Num casamento a que fui parar um pouco em off-side, reparei numa das empregadas que servia os aperitivos. Passava com a bandeja a todo o gás, obrigando os convidados a movimentos de rapina e resultado incerto. Apanhar um canapé ou um rissol era um trabalho. Alguns caíam, ou partiam-se, a maior parte seguia intacta, fora do alcance de toda a gente. Muitas pessoas ficavam num gesto a meio, penduradas e embaraçadas perante a velocidade dos acepipes. A mulher, impassível, parecia apenas apostada em cumprir o seu trajecto o mais depressa possível, ignorando as tentativas dos convidados e emproando a testa como quem diz “já foste”. Imagino que houvesse um determinado número de tabuleiros que lhe cabia, e que, uma vez circulados pelas salas e devolvidos à cozinha, estaria liberta da sua função e podia ir-se. Fiquei a observá-la algum tempo (sem arriscar um milímetro). Até que me chamaram para a fotografia. E procurei interessar-me por outra coisa.
4 Comments:
E o casório, foi do tipo "off-side"? D'aqueles em que a noiv'alva é apanhada em "off-shore" já com o golo levado em cheio? "off the reca", claro.
é pá, lendo-te fico mesmo com a sensação de que és um gajo realmente blasé...
melhor isso do que lhe chamar "cansaço existencial".
Tens razão, "cansaço existencial" parece daquelas cenas um pouco adolescentes...
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