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quinta-feira, maio 17, 2007

O eclipse



Não será um grande filme como L’Avventura, mas é com L’Eclisse (1962) que Antonioni vai mais longe no tema da alienação, a que consagrou quatro filmes (além dos citados, contem La Notte e Il Deserto Rosso). Filme gelado com pessoas geladas, O Eclipse segue as personagens de Monica Vitti e Alain Delon, uma mulher atarantada e um jovem ambicioso sem escrúpulos. Filma-se uma espécie de romance entre os dois, e o grande defeito do trabalho, quanto a mim, é a falta de subtileza com que se demarca um território árido, donde evidentemente não poderá sair o amor (tudo ali são sinais dessa impossibilidade). Quanto à sua grande qualidade, falemos do esquecimento.

É como se Antonioni, em certos momentos, se desinteressasse do filme e dos actores, deixando-os a vaguear. Vemos a mulher num aeródromo, aparvalhada, a observar aviões, e é como se a equipa de filmagem tivesse ido almoçar. Entra e sai do plano, e é indiferente que lá esteja ou deixe de ser vista. O mesmo com o homem, no seu bulício de corrector, a atropelar a multidão de viciados na bolsa, a falar ao telefone, a espiolhar as conversas, a passar informação ou a recebê-la. A câmara segue-o sem interesse e por vezes perde-o, depois encontra-o e volta a perdê-lo. Nenhum deles se lembra do filme, na sua azáfama ou no seu torpor. Nenhum deles se lembra do outro. E mesmo quando estão juntos, Antonioni prefere seguir um transeunte ao calhas do que ficar com eles.

A culminar o oblívio estão os últimos seis minutos do filme, a que Scorsese chamou um dos finais mais aterradores da história do cinema. O "tempo parado", quando nenhum dos dois comparece ao encontro que marcaram no lugar de sempre. "A vida, aqui, não continua", diz Scorsese, "fica suspensa". Ou poderá pensar-se que será mais digno continuar o filme, já sem o homem e a mulher, e observar detidamente um carreiro de formigas ou um charco de água. Eles esqueceram-se do filme. Nós esquecemo-nos deles. É o eclipse.

[No clip estão os últimos seis minutos do filme, com música de Prokofiev. Poderá dizer-se que é o essencial de O Eclipse.]

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