O astronauta e o filósofo
Há dias alguém comentava, em tom depreciativo, as bolsas atribuídas a um estudante de filosofia medieval: “Filosofia medieval? Andamos a gastar o nosso dinheiro em filosofia medieval?” Imagino que se fosse em arquitectura de sistemas ou engenharia hidráulica o problema não se punha. São tecnologias, sinais de progresso (ou pelo menos soam a isso). Agora, filosofia medieval? Compreendo o desconsolo, sobretudo num país pobre. Mas também penso que é por ainda existirem estudantes de filosofia medieval que não somos totalmente filisteus.
É por ainda existir quem se interesse por Santo Agostinho ou Abelardo (e possa aprofundar esse interesse através das condições criadas pelas bolsas) que nos podemos ainda considerar vagamente do primeiro mundo. Porque convém recordar que a civilização não é só astronautas. E os países que contam – e sempre contaram – têm os melhores cientistas, mas também os melhores filósofos.
É por ainda existir quem se interesse por Santo Agostinho ou Abelardo (e possa aprofundar esse interesse através das condições criadas pelas bolsas) que nos podemos ainda considerar vagamente do primeiro mundo. Porque convém recordar que a civilização não é só astronautas. E os países que contam – e sempre contaram – têm os melhores cientistas, mas também os melhores filósofos.
2 Comments:
Muito bem.
O dito estudante de filosofia medieval devia estudar o dito comentador. Afinal, trata-se de uma mentalidade medieval
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