Doces chavões
“Sim. Reclamamos o direito à festa. As pessoas quando vêm aos nossos concertos querem divertir-se a sério e nós damos-lhes isso. É isso que importa: sentirem que nos podem ir ver sendo elas próprias, vestindo a roupa que lhes apetecer e comportando-se espontaneamente, não sentindo constrangimentos.”
Excerto de uma entrevista aos Klaxons, publicada na Y por Vítor Belanciano.
Há mais de 20 anos que leio frases destas na imprensa musical (desde o velhinho Blitz dos pensamentos ociosos e dos pregões, e da Melody Maker, publicação de culto nos eighties). “É isso que importa: sentirem que nos podem ir ver sendo elas próprias, vestindo a roupa que lhes apetecer e comportando-se espontaneamente, não sentindo constrangimentos.” É quase como ouvir o jogador de futebol falar no mister, ou escutar a língua de pau de algum político. Muito raro, ao longo dos anos, apanhar ideia original de membros de bandas pop em ascenção (nem coisas escandalosas nem epifanias). E apesar dos elementos novos que vão surgindo, e influenciando a música e a sua promoção (como o MySpace e outros programas), o chavão continua a praxe. Agora isso, para quem gosta da pop não interessa nada, e é até reconfortante ir ouvindo as mesmas coisas da adolescência e saber que se reproduzem esses mesmos desejos e afirmações.
Agora é Klaxons e a “new rave”? Pois siga.
Excerto de uma entrevista aos Klaxons, publicada na Y por Vítor Belanciano.
Há mais de 20 anos que leio frases destas na imprensa musical (desde o velhinho Blitz dos pensamentos ociosos e dos pregões, e da Melody Maker, publicação de culto nos eighties). “É isso que importa: sentirem que nos podem ir ver sendo elas próprias, vestindo a roupa que lhes apetecer e comportando-se espontaneamente, não sentindo constrangimentos.” É quase como ouvir o jogador de futebol falar no mister, ou escutar a língua de pau de algum político. Muito raro, ao longo dos anos, apanhar ideia original de membros de bandas pop em ascenção (nem coisas escandalosas nem epifanias). E apesar dos elementos novos que vão surgindo, e influenciando a música e a sua promoção (como o MySpace e outros programas), o chavão continua a praxe. Agora isso, para quem gosta da pop não interessa nada, e é até reconfortante ir ouvindo as mesmas coisas da adolescência e saber que se reproduzem esses mesmos desejos e afirmações.
Agora é Klaxons e a “new rave”? Pois siga.
3 Comments:
Eu acho, caro Tesoura, que se trata de uma questão polifacetada.
É que a razão pela qual muitos chegam à música, como seus consumidores e destinatários da mensagem (ok, estou a ser bondoso), pode nada ter a ver com a busca do grande sentido da vida, pelo menos como processo perceptivel.
Têm o seu rebuliço diário já devidamente consagrado no trabalho diário, seja a arrumar automóveis, seja a preparar monografias dos temas mais obscuros, e não precisam que a música seja outra corrida de barreiras para ultrapassar.
Acho até (e perdoe-me a generalização) que buscam na música o refúgio ao estatuto de "atletas de alta competição" que hoje em dia o trabalho nos obriga a ser.
E se esse acto for consciente, fica bem perceptível o quanto neles existe a procura pelo grande sentido da vida.
Os rapazes prometem festa? venham eles, que o resto fica por nossa conta, vestidos como quisermos, alinhados por essa enorme tribo urbano, que são os desalinhados.
Sempre a considerar,
Anónimo
no meu post não desvalorizo a pop em momento algum, como acho que se percebe. acho até comovente (sem ironia) os chavões da rapaziada.
agora claro que há vários tipos de pop, para diferentes ocasiões. e não me importo de fazer uma corrida de barreiras de vez em quando.
a minha vizinha do quinto esquerdo prefere telenovelas para descansar do seu trabalho de neurocirurgiã e a minha empregada de limpeza tem camaraote no S.João e crava-me convites para a Casa da Música... de que estamos a falar?
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