A nossa vida nos outros
Não sei se por efeito deste Verão marado ou por mera coincidência, a verdade é que tropeço constantemente em problemas amorosos. Estou ao balcão e ouço dizer “tens que ir à luta, pá, isso assim não é nada”. Vejo uma montra e falam de traição e facturas detalhadas de telemóvel. Tento ler qualquer coisa e logo vem “esta noite acabamos tudo”. Não consigo ir a lado nenhum sem passar por lamentos ou ansiedades.
Muitas vezes concentro-me no que estou a fazer e desligo. Mas o facto é que me interessam estas coisas e, podendo, lá vou seguindo o desenrolar das desventuras. A linguagem, por exemplo. Ouço sempre coisas que já disse a alguém ou me disseram a mim. O vocabulário e os conceitos são francamente escassos. Como se tudo se reduzisse a uma dúzia de nó górdios e folhas A4. E ali se plasmasse o essencial das relações. Depois, com sorte, surgem as nuances e particularidades. Que é o aspecto mais gratificante para quem espia.
A vida dos outros, assim captada, traz sempre a promessa de uma revelação, ou de um novo sentido para os problemas de sempre. E há sempre a hipótese de uma ressonância, das palavras ouvidas fazerem eco do nosso percurso, ou nos lembrarem alguém, ou apresentarem uma chave para qualquer coisa. Há sempre a esperança de nos identificarmos com aquilo e, tal como num livro ou num filme, ficamos suspensos até ao desenlace porque queremos saber o que nos acontece.
Muitas vezes concentro-me no que estou a fazer e desligo. Mas o facto é que me interessam estas coisas e, podendo, lá vou seguindo o desenrolar das desventuras. A linguagem, por exemplo. Ouço sempre coisas que já disse a alguém ou me disseram a mim. O vocabulário e os conceitos são francamente escassos. Como se tudo se reduzisse a uma dúzia de nó górdios e folhas A4. E ali se plasmasse o essencial das relações. Depois, com sorte, surgem as nuances e particularidades. Que é o aspecto mais gratificante para quem espia.
A vida dos outros, assim captada, traz sempre a promessa de uma revelação, ou de um novo sentido para os problemas de sempre. E há sempre a hipótese de uma ressonância, das palavras ouvidas fazerem eco do nosso percurso, ou nos lembrarem alguém, ou apresentarem uma chave para qualquer coisa. Há sempre a esperança de nos identificarmos com aquilo e, tal como num livro ou num filme, ficamos suspensos até ao desenlace porque queremos saber o que nos acontece.
1 Comments:
E sorte tens tido tu em não levar com a merda dos assassinatos por razões passionais, como foram os mais recentes de mangualde e do montijo... esses é que deixam pouca margem para epifanias...
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