<body><!-- --><div id="b-navbar"><a href="http://www.blogger.com/" id="b-logo" title="Go to Blogger.com"><img src="http://www.blogger.com/img/navbar/1/logobar.gif" alt="Blogger" width="80" height="24" /></a><form id="b-search" action="http://www.google.com/search"><div id="b-more"><a href="http://www.blogger.com/" id="b-getorpost"><img src="http://www.blogger.com/img/navbar/1/btn_getblog.gif" alt="Get your own blog" width="112" height="15" /></a><a href="http://www.blogger.com/redirect/next_blog.pyra?navBar=true" id="b-next"><img src="http://www.blogger.com/img/navbar/1/btn_nextblog.gif" alt="Next blog" width="72" height="15" /></a></div><div id="b-this"><input type="text" id="b-query" name="q" /><input type="hidden" name="ie" value="UTF-8" /><input type="hidden" name="sitesearch" value="hamrashnews.blogspot.com" /><input type="image" src="http://www.blogger.com/img/navbar/1/btn_search.gif" alt="Search" value="Search" id="b-searchbtn" title="Search this blog with Google" /><a href="javascript:BlogThis();" id="b-blogthis">BlogThis!</a></div></form></div><script type="text/javascript"><!-- function BlogThis() {Q='';x=document;y=window;if(x.selection) {Q=x.selection.createRange().text;} else if (y.getSelection) { Q=y.getSelection();} else if (x.getSelection) { Q=x.getSelection();}popw = y.open('http://www.blogger.com/blog_this.pyra?t=' + escape(Q) + '&u=' + escape(location.href) + '&n=' + escape(document.title),'bloggerForm','scrollbars=no,width=475,height=300,top=175,left=75,status=yes,resizable=yes');void(0);} --></script><div id="space-for-ie"></div>

quarta-feira, novembro 29, 2006

Até a dormir

Até há um mês atrás o nome "Joe Orton" não me dizia rigorosamente nada. Foi graças à encenação de O Saque, por Ricardo Pais, que esteve em cena até ao último fim de semana, no Teatro São João, que pude descobrir este inglês assassinado em 1967 com nove marteladas. Talvez o fascínio pelos autores que morrem cedo (34 anos), talvez a excelente peça que é O Saque (Loot), muito bem servida por Ricardo Pais, a verdade é que tive curiosidade de conhecer o personagem e vi o filme que Stephen Frears realizou, em 1987, baseado na biografia Prick Up Your Ears, de John Lahr.

Em termos de teatro, Joe Orton - que além de O Saque escreveu outras peças que deram brado nos anos 1960, como Entertaining Mr. Sloane, The Ruffian on the Stair ou What the Butler Saw – é responsável pela origem de uma nova expressão – ortonesco – que designa um tipo de peças em que as situações mais macabras são também hilariantes. Assim é em Loot, em que o dinheiro de um assalto é desmarcado no caixão da mãe de um dos ladrões. Diálogos rápidos e corrosivos numa espiral de sarcasmo que não poupa ninguém. E uma linguagem entre o vernáculo mais cru e a elaboração cuidada de trocadilhos e jogos de palavras. Tudo extremamente british, na maleabilidade do verbo e no humor de breu.

No filme de Frears - que desenvolve a história do dramaturgo (interpretado sem sal por Gary Oldman) um pouco ao jeito das Crónicas de Bob Dylan, com saltos temporais e pequenos recortes que se vão alinhando -, descreve-se a chegada de Orton a Londres (vindo de Leicester) e a sua entrada algo titubeante no mundo do teatro. É em parceria com Kenneth Halliwell (Alfred Molina), que o filme apresenta como um espirituoso melancólico e escritor frustrado, que Orton escreve os primeiros textos (ou vê escrever). Além de parceiros, tornam-se amantes, numa relação tumultuosa que irá ditar o destino de Joe.

É quando saem da prisão (onde vão parar pela javardice que fazem a livros requisitados a bibliotecas) que os papéis se invertem. Joe é agora o verdadeiro autor dos textos, cabendo a Halliwell a ideia para os títulos. Esta mudança é comentada num diálogo curioso.

- Prison gives a writer credentials.
- Everyone else, it takes them away.

Mas o que verdadeiramente impressiona é o desfecho do filme (e da vida de Orton). Consumido pelo ciúme e pela inveja, Halliwell, que praticamente deixa de escrever e apenas assiste à ascenção do amigo, agora solicitado para todo o tipo de projectos (chega a escrever um guião, rejeitado, para os Beatles) e acumulando prémios de dramaturgia, Halliwell, desesperado, depois de tentar ainda pendurar-se um pouco ao sucesso de Orton (“Fui eu que escrevi os títulos!”), Halliwell acaba por despedaçar o amante com nove marteladas, suicidando-se pouco depois. Antes do crime, tinha gritado:
“Até a dormir és melhor que eu!”

sexta-feira, novembro 24, 2006

O pinga-amor

Queixava-se do maluquinho de jardineira e sacos plásticos, que agora decidira importuná-la no café todos os dias. Chegava ao balcão, sorria e começava a murmurar coisas sem sentido e a mostrar desenhos. Que belo admirador me saiu na rifa! Já pensava em expulsá-lo, ou em pedir a alguém que o expulsasse. Mas quando o maluquinho a deixava, atraído por alguma cliente mais bonita, e arrastava os sacos e os desenhos, e começava a murmurar as mesmas coisas sem sentido ao ouvido da outra, ela tinha apenas ciúmes.

segunda-feira, novembro 20, 2006

Outono

É no Outono que se sente verdadeiramente que o tempo passa. Se o corpo muda, é no Outono que o faz. O resto do ano é o período em que nos habituamos ao que mudou.

Tosse

Competiam os dois pela melhor tosse. Este ribombava e retesava-se, aquele estremecia e quase vomitava. No final, os circunstantes declararam o empate. E mandaram desinfectar o sítio.

Escolhas

Two roads diverged in a yellow wood,
And sorry I could not travel both
And be one traveler, long I stood
And looked down one as far as I could
To where it bent in the undergrowth;

Then took the other, as just as fair,
And having perhaps the better claim,
Because it was grassy and wanted wear;
Though as for that the passing there
Had worn them really about the same,

And both that morning equally lay
In leaves no step had trodden black.
Oh, I kept the first for another day!
Yet knowing how way leads on to way,
I doubted if I should ever come back.

I shall be telling this with a sigh
Somewhere ages and ages hence:
Two roads diverged in a wood, and I—
I took the one less traveled by,
And that has made all the difference.

Robert Frost (1874-1963), The Road Not Taken

Para a Isabel e o Nuno

quinta-feira, novembro 16, 2006

Homem elefante



Há poucos dias, vi no Rossio alguém muito semelhante a Joseph Merrick. E desconfio mesmo que seja ainda mais raro que o inglês nascido em 1862. A comunidade científica que dê lá um salto.

Adenda: Numa rápida pesquisa pelo Google deu para perceber que o Homem Elefante [do Rossio] é personagem sobejamente conhecida dos lisboetas - há mesmo "a foto como o Homem Elefante". Old news, portanto. Mas insisto: e a comunidade científica, não se interessa?

O par de enxofre

Há um casalinho de meia-idade, um pouco sinistro, que encontro sempre que vou ler o jornal a um certo café. Estão lá antes de mim e continuam. Nunca os ouvi trocar palavra (apenas uma vez notei que o homem rosnava qualquer coisa e tinha a cara vermelha, enquanto a mulher baixava o rosto, muito submissa e atrapalhada). Imagino que ali estejam durante horas todos os dias. Há sempre livros e revistas em cima da mesa, mas nunca os vi pegar em nenhum. Sentam-se ambos de lado e ficam a olhar, ele com serenidade, ela sempre nervosa. Às vezes levanta-se, e minutos depois regressa, sem dizer nada e sem esperar nada. Ficam apenas a olhar a tarde inteira, acostumados à presença um do outro. Depois, raramente há gente nas mesas próximas. O homem fuma prolongadas cigarrilhas com um cheiro nauseabundo (ainda hoje desisti do jornal a meio). E realmente criam uma certa distância à custa do enxofre. É um casalinho de meia-idade, um pouco sinistro, que se vê através do fumo e do silêncio.

sexta-feira, novembro 10, 2006

80's



Anos 80: Uma Topologia. É a exposição do ano em Serralves. Voltamos aos oitentas até 25 Março. A revisita começa hoje, com música do tempo dos perfectos em metade dos bares da cidade. No museu há bar aberto e a presença de dezenas dos artistas expostos.
Eu deixo-os pousar, e vou lá para Dezembro.

Notas sobre a subsidiodependência

Tal como o "antiamericanismo", ou o "antisemitismo", o termo "subsidiodependência" serve essencialmente para matar do debate.
É um subsidiodependente e está tudo dito. Ainda por cima, um subsidiodependente é um "pseudo-intelectual" ou um "intelectualóide", e nunca alguém interessado na cultura. São os "pseudo-intelectuais" que deixam de mamar, e as boas consciências celebram. Na sua esperteza saloia, o presidente da Câmara do Porto sabe bem o que faz.

O que muitos não sabem - sobretudo os que enchem a boca com a "subsidiodependência" porque foi uma palavra que ouviram - é do que falamos quando falamos de subsídios. Será dos 15 mil euros (cerca de 3 mil contos) que se destinavam à Fundação Eugénio de Andrade (e que de resto foram recusados)? Ou dos 20 mil euros (cerca de 4 mil contos) que seriam atribuídos ao Teatro Art’Imagem (também rejeitados por causa da célebre cláusula que impede os beneficiários de criticar a Câmara)? Goste-se dele ou não, o Art’Imagem existe desde 1981 e vem produzindo espectáculos com regularidade desde então. Há também os 25 mil euros (cerca de 5 mil contos) que serviriam este ano para apoiar o FITEI (e que ainda não se sabe se vão chegar ou não). Recorde-se que o FITEI é dos mais importantes festivais de teatro do país e que em 2007 cumpre a sua 30º edição. É contra estes "balúrdios" que as pessoas se revoltam?

Outra ideia fincada parece ser a de que os subsídios servem para sustentar todas estas estruturas e “pseudo-intelectuais”. Os subsídios não sustentam coisíssima nenhuma. Os subsídios apoiam, e apoiam com os valores atrás referidos - que são renováveis, ou não, dependendo de certas condições (a realização de X número de espectáculos por ano, por exemplo). Onde o papel da Câmara é decisivo é no aspecto logístico: na cedência de espaços ou em alugueres simbólicos a determinados projectos. Como o FITEI. Ou o Fantasporto. Ou a Feira do Livro. Daí que, ao alienar equipamentos públicos, como o Rivoli, a Câmara se está a eximir das responsabilidades. Não funciona bem? Tem má gestão? Problema da Câmara, que deverá encontrar soluções. Não pode é abdicar do Teatro Municipal, reabilitado com dinheiro público, e com compromissos agendados, e entregá-lo à discricionariedade.

Qualquer cidade tem o seu teatro municipal. Faz parte do caderno de encargos de um executivo. Se isto é a vanguarda, convém que se apresentem estudos e que nos expliquem qual é o novo paradigma e quais as suas vantagens.

(...)

quarta-feira, novembro 08, 2006

Masters of War



And I hope that you die
And your death'll come soon
I will follow your casket
In the pale afternoon
And I'll watch while you're lowered
Down to your deathbed
And I'll stand over your grave
'Til I'm sure that you're dead.

Ainda pensei fazer um post com o The Times They Are A-Changin', mas não sei se será caso para tanto - nem agora, nem em 2008. Tinha apenas de assinalar a data, e a queda daquele senhor. (Ouçam o resto da letra nesta interpretação ao vivo de Bob Dylan, em Praga, 1994.)

terça-feira, novembro 07, 2006

Três manguitos

Cláusula: Arnaldo Saraiva, presidente da Fundação Eugénio de Andrade, recusou o subsídio de 15 mil euros proposto pela Câmara do Porto, explicando que “só assinaríamos se Rui Rio nos libertasse da cláusula que nos impede de criticar o município”. Fez muito bem Arnaldo Saraiva. Para cláusulas absurdas (e o bom comportamento a troco de um prato de lentilhas) só mesmo um belo manguito.

FITEI: O Festival Internacional de Teatro de Expressão Ibérica, que cumpre este ano o seu 30º aniversário, ameaça sair do Porto e realizar-se em cidades limítrofes. Razões: a incerteza quanto aos apoios municipais [mais uma vez a cláusula] e a dúvida quanto à futura gestão do Rivoli (que tem sido o centro do Festival). O “vereador da cultura”, um tal de não sei quantas, não sabe o que dizer sobre o assunto. Seria uma lástima se o FITEI saísse do Porto. A pouco e pouco as coisas vão saindo, desaparecendo, como se tudo caísse à passagem do autarca. Eu compreendo a aflição dos responsáveis pelo Festival, mas é necessário encontrar soluções, puxar pela cabeça: existe vida para lá do Rui Rio; não se pode deixar que um mandato político defina desta forma a vida cultural do Porto.

‘Rivolição’: Não é certamente com folclores e histerismos que se sensibiliza o número suficiente de cidadãos para a causa do Rivoli. Enquanto permanecer no gueto, será uma questão do gueto. E não deixará o gueto sem uma verdadeira estratégia de comunicação com objectivos claros. A 'Rivolição' teve sem dúvida o mérito de lançar o debate (e de criar um "happening"), mas coloco-me muito mais próximo da argumentação de Bernardo Pinto de Almeida, no texto publicado hoje no Público, que com sobriedade soube dizer o essencial: “Já que se um equipamento tem uma gestão ineficaz, a questão que há para resolver é a de torná-la eficaz. O que, não sendo feito, traduz ineficácia política.” Há que sublinhar com clareza a incompetência da Câmara. Não é com verborreia épica que serão ouvidos.

O enforcado

Não deixa de ser curiosa esta convergência de opiniões entre Mohammad Ali Hosseini [Porta-voz do MNE do Irão] e George W Bush no que se refere à sentença aplicada a Saddam Hussein (morte por enforcamento). Ambos se congratularam com a decisão.

É nestas alturas que me sinto da Europa, e estou com as palavras da actual presidência (Finlândia): “A UE opõe-se ao castigo capital em todos os casos e em todas as circunstâncias, e também neste caso não deveria ser levado a cabo.”

domingo, novembro 05, 2006

Há uma capacidade infinita de acumular vícios e uma possibilidade de se gerar vícios dos mais infinitos aspectos da realidade. Isto para dizer que me chateia ficar mais de quatro ou cinco dias sem postar.