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segunda-feira, fevereiro 26, 2007

O ano de Itália



Não me recordo de ter festejado nenhuma atribuição de Óscar como se fosse um golo. Aconteceu ontem, ao anunciarem Martin Scorsese como vencedor da melhor realização (e poucos minutos depois, no 2-0, ao premiarem The Departed como melhor filme do ano). Verdade que Entre Inimigos não é dos meus predilectos na obra de Scorsese. Taxi Driver, Goodfellas ou Casino são as principais razões para ter saltado. Ou mesmo os documentários sobre o cinema americano e italiano que vi recentemente e sobre os quais escrevi. Mas pouco importa que tenha sido por este. Scorsese é dos quatro ou cinco realizadores vivos que mais admiro. Cinéfilo inveterado e autor de uma obra vasta donde emergem personagens inesquecíveis. O reconhecimento da Academia só peca por chegar tarde.

Como chegou tarde o Óscar de carreira a Ennio Morricone, compositor que assinou para cima de 500 bandas sonoras e tem esse mérito raro de erguer a sua música a memória máxima de alguns filmes (que sobrevive depois, autonomamente, como partitura esplêndida). Como o próprio explicou, "o compositor deve encontrar no filme uma dignidade que vá além do filme". Na cerimónia, ao agradecer o prémio, desatou a falar em italiano, marimbando-se para o desconcerto na plateia. Ti ringrazio anche io.

Numa noite em que perdeu Babel (e ainda bem), satisfação ainda pelo Óscar de melhor estrangeiro para As Vidas dos Outros, de Florian Henckel von Donnersmarck, filme exemplar sobre os mecanismos da Stasi na antiga RDA.

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domingo, fevereiro 25, 2007

Perguntem pelo Jankauskas

Sempre que conhecia uma estrangeira aludia a figuras culturais do seu país, procurando impressioná-la e começar conversa. Lévinas? Ionesco? Arvo Part?... E aguardava pelo reconhecimento triunfal.
Na maior parte dos casos, porém, a literacia das visadas não chegava a Arvo Part, Lévinas ou Ionesco. Mas brilhavam-lhes os olhos ao dizer que conheciam bem o Figo e o Ronaldo.

segunda-feira, fevereiro 19, 2007

Disfarces



"(...) Nessa altura aprendi a conhecer a influência que um determinado traje pode exercer directamente sobre nós. Mal vestia um destes fatos, tinha de confessar a mim próprio que ele me tinha em seu poder; que ele me ditava os meus movimentos, a expressão do rosto e até as ideias; a minha mão (...) não era, nem de longe, a mão habitual; ela movimentava-se como um actor, mais, poderia até dizer que ela se observava a si própria, por muito que isto soe a exagero. Estes disfarces, no entanto, não se desenrolavam até ao ponto de eu próprio me sentir alienado; pelo contrário, quanto mais diversificadamente me transformava, tanto mais convencido ficava de mim mesmo. (...)"

Rainer Maria Rilke, As Anotações de Malte Laurids Brigge (Relógio D'Água)

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quarta-feira, fevereiro 14, 2007

Progresso nocturno


Imagem de Miguel Cardoso, no Maus Hábitos

Num excelente artigo no Mil Folhas – onde assinala algumas das mais recentes marcas da arte contemporânea no Porto, como a estrutura de Pedro Cabrita Reis, intitulada Palácio, ou a Torre Burgo, de Eduardo Souto Moura, e a escultura que lhe subjaz, da autoria de Ângelo de Sousa, assim como projectos mais efémeros que têm tido lugar na Casa da Música (actualmente está Labirintite, de Ricardo Jacinto) – , Óscar Faria utiliza a frase “cidade em progresso” para titular o trabalho. Aqui está uma frase que nos últimos anos só com muito boa vontade se pode associar ao Porto. Mas a verdade é que, ao lê-la, me lembrei de um outro aspecto em que a cidade parece estar a fazer progressos.

Sem sair, para já, da arte contemporânea (mas as coisas têm-se cruzado e de que maneira), refira-se a extensa rede de espaços artísticos alternativos (de natureza comercial ou de laboratório) que tem semeado a cidade nos últimos anos. Desde o limite atlântico, no Passeio Alegre, com o espaço Era uma vez no Porto (edifício mosaico semelhante ao Artes em Partes), à Constituição, onde surgiu recentemente o Serv'Artes (com cerca de 1000 metros quadrados destinados a exposições e concertos), e passando por uma miríade de pequenos locais geridos pelos artistas, que ali trabalham e expõem. Especial destaque merece a Rua do Almada, onde as rendas baixas (até quando?) têm permitido o florescimento de todo o tipo de comércio alternativo – lojas de vinil (e de impressão de vinil), de design e de material retro e até a embaixada lomográfica do Porto – uma pequena Carnaby Street em formação.

O que me traz ao post, no entanto, é a percepção de um outro “progresso” – o da vida nocturna do Porto. Com efeito, e após o definitivo voltar de costas à Ribeira (decisão tomada pelo cansaço em relação a situações de que já aqui falei) e o último estremecimento noctívago que representou o Club Kitten, no Triplex, nos anos 2001/2002, a cidade colocou-se ao nível de Paços de Ferreira em termos de ‘movida’. Aparentemente, as coisas estão a mudar. E, o que é mais extraordinário, a mudar para uma zona estranha a estes andamentos – a Baixa da cidade.


(Já me habituei e gosto. Agradeço a imagem)

Uma opção que tardou, mas que cegava os olhos pela evidência. Onde mais haveria condições para instalar um circuito dinâmico, capaz de atrair investimentos e propostas diversificadas e chamar população de toda a área metropolitana? Nenhuma outra zona possui as características da Baixa: o seu peso histórico e monumental, como centro incontestado da região; a concentração de teatros e salas de espectáculos; a recente adição de vias pedonais e o renovado desenho de artérias nevrálgicas; a falta de vizinhança (a Rua 31 de Janeiro tem um único e escasso habitante); a dimensão dos espaços disponíveis (e a sua condição de devolutos a cair de podre); a sensação de que a zona mais nobre da cidade ficava entregue aos bichos a partir das dez da noite; e a noção, para os mais atentos, de que tal facto era inconcebível e colocava o Porto definitivamente à ilharga do funcionamento das cidades civilizadas. O que se está a passar é ainda ténue, mas representa uma tomada de consciência sobre o potencial da zona. Que não se deve esgotar na “noite”, evidentemente, mas antes funcionar como estímulo à revitalização geral, que passa antes de mais pelo restauro de edifícios e pelo repovoamento da baixa.

Mas voltando à noite, que é actualmente o indício mais visível desse desejado ressurgimento, há de facto progressos a assinalar. No espaço de poucos meses a oferta triplicou, e aos pioneiros nocturnos naquela área, Maus Hábitos e Passos Manuel, que se mantêm como referências de espaços que aliam o carácter lúdico à dimensão cultural (com programações regulares de concertos, performances e exposições), a estes vieram juntar-se o renovado Batalha, ainda a precisar de fôlego e orientação, mas com espaços promissores e uma esplanada única no centro; o Pitch, que com a sua acústica e selecção criteriosa de DJ’s se afirma já, a par da Indústria, como melhor clube do Porto; o Café Lusitano, que dificilmente será batido, em termos de decoração, por outro local da cidade; e a mais recente aquisição, o Plano B, antigo armazém com possibilidades imensas e uma vontade assumida de acolher propostas (apesar das agulhas por afinar). Nas redondezas, encontra-se ainda o Tendinha, pequeno basfond para os saudosos do rock, e uma série de pequenos bares e cafés que vão contribuindo para a circulação de gente.

Neste novo eixo, delimitado entre os Poveiros e o Piolho (que se tornou o feliz sucessor da Praça do Cubo), há espaços para diversos públicos e sensibilidades, mas sobretudo nota-se a aposta, na maior parte deles, em afirmar uma personalidade: seja pelo estilo ou pelas actividades que oferecem, cada um deles é associável a uma determinada “onda”, no que se tornam radicalmente distintos de outras zonas nocturnas da cidade, onde imperam os barracões de engate e música foleira. Falta agora mais restaurantes (abertos até mais tarde), um clube de jazz e um acordo alargado entre os locais e os parques de estacionamento, de modo a evitar o caos e a levar mais gente para a rua. Um envolvimento maior dos cafés históricos da Baixa, como o Guarany ou o Garça Real seria também desejável.

É costume dizer-se que os tempos mais difíceis e cinzentos favorecem as reacções mais ousadas e interessantes. Talvez isto seja um princípio.

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domingo, fevereiro 11, 2007

Sim

E agora despachem-se a tirar os cartazes.

terça-feira, fevereiro 06, 2007

O jogo do sério











Entre os anos 1964 e 1966 foram realizados cerca de 500 "screen tests" por Andy Warhol e os seus colaboradores da Factory. O procedimento era simples, e à excepção de alguns casos, que serviriam outros projectos, tratava-se de convidar individualidades - o pressuposto, para Warhol, era possuírem star quality - a sentarem-se durante alguns minutos diante de uma câmera fixa sem se mexerem. Pela lente imóvel desfilou o quem é quem da Nova Iorque artística dos anos 1960 (nas imagens, seguindo os ponteiros do relógio, está Edie Sedgwick, Dennis Hopper, Baby Jane Holzer e Lou Reed), mas também vedetas internacionais como Salvador Dali ou Giangiacomo Feltrinelli.

Filmada a preto e branco, em 16 mm, à velocidade de 24 frames por segundo, e sem qualquer edição, até ao final do rolo, a sessão era depois convertida numa velocidade mais lenta, de 16 frames por segundo, o que dava um total de cerca de quatro minutos para cada rosto (a duração de uma música pop). Jogando com os screen tests de Hollywood, em que se filmam os candidatos a um determinado papel para avaliar a sua presença, o projecto de Warhol transformava os testes no próprio evento, uma espécie de aquecimento para coisa nenhuma; havendo também quem sugerisse tratar-se de um comentário oblíquo à “era dos testes” nos EUA (sobretudo os testes de defesa nuclear, bastante comuns nas escolas americanas da guerra fria).

Outros apontam sobretudo a intenção de prolongar os seus retratos no celulóide, utilizando, ao invés de telas, o ecrã e o projector. Alguns destes "quadros" foram usados como fundo no The Exploding Plastic Inevitable, espectáculo multimédia encabeçado pelos Velvet Underground. Manipulando a luz e a sombra, Warhol procurava extrair aspectos particulares dos modelos, ora acentuando um carácter mais etéreo, com a sobreexposição de luz, ora configurando uma atmosfera mais negra, carregando nas sombras. “Não aguentávamos estar em pose durante tanto tempo e a nossa personalidade irrompia”, testemunhou uma das retratadas.

Tive oportunidade de ver alguns destes filmes (no YouTube há uns tantos) e retenho sobretudo a ideia de rostos à procura do Eu. Muitas vezes em close-up, constata-se que os primeiros segundos são comuns aos vários modelos, todos eles voluntariosos e algo intrigados. À medida que o tempo passa, porém, “irrompem as personalidades”, e vemos como por exemplo as faces mais simétricas aguentam impassíveis quase sem pestanejar, como se pudessem permanecer eternamente serenas debaixo de observação, enquanto os rostos mais imperfeitos rapidamente se desmancham num sorriso ou desviam o olhar, exibindo trejeitos de embaraço. Mais para o fim, surge novamente algo em comum, um certo enfado, mas também um descontrolo em todos os modelos, que exibem agora vestígios de uma identidade cada vez mais nua e onde repicam os traços da grande paleta humana.

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sexta-feira, fevereiro 02, 2007

Vida

"(...) Na verdade, esta posição sobre a "vida" tem muitos pressupostos que são intrinsecamente religiosos e de fé, e que ou são aceites ou não, mas não podem ser considerados auto-evidentes para quem não tem fé. Implica, por exemplo, a ideia de que existe uma "alma" - chamemos-lhe o que quisermos vai sempre dar aí -, uma presença espiritual que está para além do corpo, um Logos de natureza radicalmente alheia à mecânica do corpo, que não se reduz a ele, que está para além dele, que é imortal. A "vida" a que se bate palmas nas manifestações é mais do que a do corpo, é a da criação divina, e compreende-se que, sendo entendida como pertencendo a Deus, não se queira dá-la a César, ao Estado moderno.

E se eu não acreditar que há uma "alma" e me basta o código genético, e se eu for materialista e entender o corpo como uma máquina aperfeiçoada apenas pela evolução natural e resumir o Logos a um produto dessa mesma máquina, e se eu entender que verdadeiramente tudo tem a ver com o "egoísmo" dos genes e for sociobiológico, será que tenho que aceitar esta visão da "vida" mesmo sem fé?

(...) É, por isso, necessária muita prudência ao usar as palavras como valores civilizacionais comuns, quando o que é civilizacional é a convivência de diferentes entendimentos das mesmas palavras e não tanto uma determinada interpretação, muito menos imposta por lei, muito menos pretendendo o monopólio da moral e da civilização."

José Pacheco Pereira, no Público de 1 de Fevereiro de 2007

Não andam por aí muitos textos destes. Nem posições tão claras:
uma recusa liminar da superioridade moral dos crentes.

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