<body><!-- --><div id="b-navbar"><a href="http://www.blogger.com/" id="b-logo" title="Go to Blogger.com"><img src="http://www.blogger.com/img/navbar/1/logobar.gif" alt="Blogger" width="80" height="24" /></a><form id="b-search" action="http://www.google.com/search"><div id="b-more"><a href="http://www.blogger.com/" id="b-getorpost"><img src="http://www.blogger.com/img/navbar/1/btn_getblog.gif" alt="Get your own blog" width="112" height="15" /></a><a href="http://www.blogger.com/redirect/next_blog.pyra?navBar=true" id="b-next"><img src="http://www.blogger.com/img/navbar/1/btn_nextblog.gif" alt="Next blog" width="72" height="15" /></a></div><div id="b-this"><input type="text" id="b-query" name="q" /><input type="hidden" name="ie" value="UTF-8" /><input type="hidden" name="sitesearch" value="hamrashnews.blogspot.com" /><input type="image" src="http://www.blogger.com/img/navbar/1/btn_search.gif" alt="Search" value="Search" id="b-searchbtn" title="Search this blog with Google" /><a href="javascript:BlogThis();" id="b-blogthis">BlogThis!</a></div></form></div><script type="text/javascript"><!-- function BlogThis() {Q='';x=document;y=window;if(x.selection) {Q=x.selection.createRange().text;} else if (y.getSelection) { Q=y.getSelection();} else if (x.getSelection) { Q=x.getSelection();}popw = y.open('http://www.blogger.com/blog_this.pyra?t=' + escape(Q) + '&u=' + escape(location.href) + '&n=' + escape(document.title),'bloggerForm','scrollbars=no,width=475,height=300,top=175,left=75,status=yes,resizable=yes');void(0);} --></script><div id="space-for-ie"></div>

segunda-feira, janeiro 29, 2007

"Magick", do recém-editado Myths Of The Near Future, dos Klaxons

Doces chavões

Sim. Reclamamos o direito à festa. As pessoas quando vêm aos nossos concertos querem divertir-se a sério e nós damos-lhes isso. É isso que importa: sentirem que nos podem ir ver sendo elas próprias, vestindo a roupa que lhes apetecer e comportando-se espontaneamente, não sentindo constrangimentos.”

Excerto de uma entrevista aos Klaxons, publicada na Y por Vítor Belanciano.

Há mais de 20 anos que leio frases destas na imprensa musical (desde o velhinho Blitz dos pensamentos ociosos e dos pregões, e da Melody Maker, publicação de culto nos eighties). “É isso que importa: sentirem que nos podem ir ver sendo elas próprias, vestindo a roupa que lhes apetecer e comportando-se espontaneamente, não sentindo constrangimentos.” É quase como ouvir o jogador de futebol falar no mister, ou escutar a língua de pau de algum político. Muito raro, ao longo dos anos, apanhar ideia original de membros de bandas pop em ascenção (nem coisas escandalosas nem epifanias). E apesar dos elementos novos que vão surgindo, e influenciando a música e a sua promoção (como o MySpace e outros programas), o chavão continua a praxe. Agora isso, para quem gosta da pop não interessa nada, e é até reconfortante ir ouvindo as mesmas coisas da adolescência e saber que se reproduzem esses mesmos desejos e afirmações.
Agora é Klaxons e a “new rave”? Pois siga.

Etiquetas: ,

quarta-feira, janeiro 24, 2007

O velho mundo



(No início do ano passei uns dias viciado no Second Life [SL]; e foi pouco antes que tive conhecimento deste “mundo paralelo”, salvo erro, através de uma reportagem do Público. Resolvi investigar, pois parece-me um fenómeno que ainda vai no adro e cujas implicações são vastas e ainda por discernir. Deixo aqui as minhas notas sobre a experiência, que de resto foi breve. E aconselho aqueles que não fazem a menor ideia do que se trata a espreitar primeiro este resumo.)


Há um baque inicial com este mundo gráfico onde se movimentam figurinhas que somos nós. Próximo de uma linguagem de BD, impressionam alguns cenários do grid (o território SL), como esta Amsterdão que se vê na imagem, e onde o meu avatar se encontra numa pausa de reflexão. Apesar da grande instabilidade que ainda existe (constantes crashes e congelamentos), não nego a euforia das primeiras horas – o boneco pode voar, assobiar, fazer manguitos e deslocar-se rapidamente dentro do grid através do teletransporte. Depois, há outros bonecos, personalizados (ou altamente personalizados), que representam milhares de pessoas ligadas em todo o mundo (os últimos dados referem cerca de dois milhões e meio de “residentes”, mas o número multiplica-se diariamente e é enganador, pois cada um pode assumir diversos avatares). Com esses bonecos podemos interagir e praticar o inglês, o que em princípio não distinguiria muito a SL de outros programas de relacionamento como o Messenger ou o mIRC, para lá do evidente upgrade do mecanismo (as conversas, aliás, não divergem muito das do mIRC, e os recém-chegados falam sobretudo sobre o espanto comum perante tudo aquilo). Mas a SL não se esgota no chat, nem ele é, como percebi, a grande preocupação do “jogo”.

Se inicialmente andamos desvairados a experimentar tudo, a mudar o boneco, a arranjar adereços (que podem ser barcos ou gestos específicos), ou a explorar o grid, por entre cidades, clubes, museus, ou pistas de automobolismo; e nos vão dizendo que há mais coisas, como concertos de bandas reais (que utilizam avatares e transmitem em directo a sua música em cenário apropriado; ver na imagem os U2), ou sessões de cinema e de poesia, ou combates de boxe, ou shows de striptease; e vamos sabendo que se ensaiam procedimentos médicos, por exemplo, com a criação de complexos virtuais para testar a resposta a emergências, e se praticam estas simulações com toda a seriedade e profissionalismo; depois de todo o espanto, e também da sensação que apesar de evoluído se trata ainda da versão beta de algo descomunal (pensem em capacetes e sensores) e não muito distante; depois deste espasmo, deste frenesi, desta alucinação, caímos finalmente em terra e começamos a perceber a Second Life – e que afinal, por detrás do aparato, se esconde a mais comezinha das “First Lifes”.



Para compreender isto falemos de Linden Dollars – a moeda corrente na SL. Com uma cotação que oscila mediante as habituais regras da economia e, segundo os últimos dados, se encontra na relação de 1 Linden = 0,31 Doláres, e podendo ser trocado por dinheiro vivo, o Linden Dollar é a mola que faz mexer todo o universo da SL – e que explica a transferência a tempo inteiro de muitos indivíduos para este “mundo novo”.

E como é que se acede a esses Linden Dollars? A resposta é simples: trabalhando. Existem classificados na SL, e os empregos vão desde estar sentado num determinado local (para dar ambiente a um bar, por exemplo) a construir casas ou desenhar roupas para os avatares. Pelo meio há uma infinidade de ocupações, e não surpreenderá ninguém que uma delas seja a prostituição (sim, os bonequinhos fornicam e gemem, muitas vezes em plena Dam Square). Mas esta opção, extremamente popular - há zonas inteiras com meninas e meninos e, tal como as páginas pornográficas estão para a web, também aqui o sexo é omnipresente – , esta opção implica ter já algum dinheiro, pois não é qualquer avatar que se torna “desejável” – e os modelos base (gratuitos) não levam ninguém a gastar um tusto. É preciso investir num boneco sensual.



As grandes fortunas, porém, e há já milionários na SL (que são também milionários no mundo de cá), constroem-se sobretudo pela aquisição de terrenos, que são depois vendidos ou alugados a outros residentes. De notar que estes senhorios, se inicialmente fazem as suas compras aos responsáveis máximos pela SL (a empresa Linden Lab), têm depois autonomia para dispor das suas propriedades e apenas respondem por si nos negócios que fazem. O mais célebre destes landlords chama-se Anshe Chung, que alegadamente factura cerca de cento e cinquenta mil dólares por ano. Outro negócio rentável é o design (de edifícios, roupas, bonecos ou mobiliário), e qualquer um poderá tornar-se arquitecto ou marceneiro no interior da SL. As possibilidades, no fundo, são inesgotáveis, uma vez que as regras são as mesmas do mundo real: se há procura de um serviço, esse serviço vende-se, ou então cria-se um novo serviço e procura-se clientela. O crescimento económico na SL, e a progressiva sofisticação das suas regras, abriram já o debate, nos EUA, sobre a necessidade de se aplicar impostos. Recomendo a leitura deste artigo da Wired, onde se dá conta de uma série de casos de sucesso na SL, de gente que simplesmente trocou o seu emprego no mundo dos átomos pelas oportunidades do universo binário. Há um ex-professor que chega mesmo a prever que os seus filhos, um dia, irão encarar com naturalidade essa opção, e a escolha entre um mundo ou outro irá depender apenas do vencimento.

Linden Dollars é a chave do "jogo". E apesar de na origem da SL (e de programas análogos, como o Active Worlds) se encontrarem laivos de utopia e uma suposta inspiração na literatura cyberpunk – a SL será uma recriação do metaverse, o mundo descrito no livro Snow Crash, de Neal Stephenson -, a verdade é que, ultrapassado o entusiasmo, se percebe bem o pragmatismo que domina a coisa. Os recém-chegados, e os curiosos, podem entreter-se no chat e a fazer piruetas no meio da rua, viajando pelo grid sem grandes propósitos, mas os residentes antigos, os que decidiram "jogar", sabem bem o que fazem e para onde vão. E assumem com escrúpulo a sua personagem. O dono de um bar veste-se como o dono de um bar e comporta-se com distanciamento e altivez. A consultora de moda recria a consultora de moda que viu na televisão e captura-lhe os tiques. O proprietário (que tem o enunciado visível no boneco) anda sempre de fato e com adereços de luxo. A prostituta põe a mão na anca e lança piropos aos transeuntes. Cada um no seu papel, cumprindo com zelo as suas funções. A destoar desta sociedade surgem apenas os furries, avatares com formas de animais ou figuras mitológicas, que representam o elemento de fábula que terá estado na cabeça de alguns precursores. “Mas um tipo não faz negócio com alguém que é um pato ou um tritão”, refere um dos entrevistados no artigo da Wired.



A febre do Linden torna-se visível logo nas primeiras horas, assim como os diferentes estatutos e classes que povoam a SL. Recordo a história que se passou numa das minhas visitas. Dois avatares com a forma de rappers bem sucedidos, estilo Snoop Dogg, com correntes douradas e casacos de pele, testavam os seus bólides à saída de um bar. Ingenuamente, perguntei-lhes para que serviam os carros, uma vez que ali se podia voar ou usar o teletransporte. A resposta foi pronta: “this is a pussy catcher, son." E depois explicaram-me que não era para todos. Aqueles pedaços de pixeis custavam para cima de dois mil Linden. E é assim com tudo. Há os que têm carros de marca (desenhados por alguma celebridade) e há os que vão a armazéns de produtos grátis buscar um carocha. Há os que têm um boneco tosco e os que foram ao solário e são esbeltos. Há os que dormem na rua (eu acordava desgrenhado num beco de Amsterdão) e os que têm ilhas privadas. Há os que são donos disto e daquilo e os que não têm onde cair mortos. E o sucesso, a ascensão, o “jogo”, é incutido desde início nos caloiros, que recebem toda a espécie de convites para se tornarem membros de clubes ou casinos. Ao aceitarem, imediatamente lhes cai um rótulo que torna pública a sua condição. E o resultado é uma multidão de VIP’s que convenientemente publicita uma multidão de marcas. O comportamento dos residentes vai de acordo com o estatuto, e não se espere grande atenção por parte de um senhorio ou de um vendedor. A conversa da treta fica para a ralé.

Ao fim de uns dias nisto, percebe-se a antiguidade deste mundo e imagina-se que o Homem, para onde quer que vá, repetirá tudo o que é e o que já fez. E depois escolhe-se: ou se sucumbe ao tédio ou se começa a "jogar". Eu fartei-me. Prefiro este mundo, que afinal é igual. E depois de apancalhar o grid algumas horas, terminei com grandeur, atropelando com o meu buggy três avatares com a forma de galinhas.

Etiquetas:

sábado, janeiro 20, 2007

O Vilão



When devils will the blackest sins put on,
They do suggest at first with heavenly shows,
As I do now: for whiles this honest fool
Plies Desdemona to repair his fortunes
And she for him pleads strongly to the Moor,
I'll pour this pestilence into his ear,
That she repeals him for her body's lust;
And by how much she strives to do him good,
She shall undo her credit with the Moor.
So will I turn her virtue into pitch,
And out of her own goodness make the net
That shall enmesh them all.

W. Shakespeare, Othello (Acto Segundo, Cena III)

Shakespeare chamou-lhe Othello, mas a mais fascinante personagem do texto foi sempre Iago, o manipulador genial, o "demónio do Ocidente" na formulação de Harold Bloom, que considera que "entre todos os vilões da literatura, ele tem a honra nefasta de ocupar uma posição inatingível". Em Otelo, actualmente em cena no São João, é mais uma vez sobre Iago que se concentra o principal interesse e o principal terror. O que não se explica apenas pelo texto, mas também pelo desempenho de Nuno Cardoso, que compõe um Iago visceral e insidioso que arrebata a peça desde a primeira fala. A ajudar a este domínio - intelectual acima de tudo, pois Iago não tem verdadeiros adversários - está a encenação, que opta pelo despojamento e por figurinos atemporais. Percebe-se a ideia de Nuno M. Cardoso quando refere Otelo como um "ringue frio, da palavra", mas a opção pelo mínimo resulta quando emergem grandes intérpretes, e neste caso emerge apenas Nuno Cardoso - e o seu diabólico Iago.

Etiquetas:

segunda-feira, janeiro 15, 2007

Conta-me História

"Aviões alugados pela CIA passaram pela Base das Lajes e outros aeroportos nacionais? Obviamente que sim, como eventualmente todos os dias passam por muitos países europeus. Levavam prisioneiros para Guantánamo ou outros locais? Vá lá saber-se, mas olhar e analisar a História em retrospectiva é sempre um exercício ridículo e pura perda de tempo e dinheiro."

Já não lia esta inteligência fulgurante há algum tempo, mas vejo que nada mudou. Repare-se neste excerto do texto publicado hoje no DN por Luís Delgado. "Olhar e analisar a História em retrospectiva é sempre um exercício ridículo e pura perda de tempo e dinheiro".
O articulista não escreve “história” com caixa baixa, o que poderia significar que é sempre um exercício ridículo e pura perda de tempo e dinheiro analisar esta história: os voos da CIA em território português. Poderia perguntar-se porquê?, uma vez que poderão estar em causa questões de soberania e isso é evidentemente passível de ser olhado e analisado. Mas o mais extraordinário, aqui, é a utilização de caixa alta, "História", o que parece remeter para a ideia de que analisar a História, qualquer que seja, do Homem ou das civilizações, retrospectivamente, é um exercício ridículo e pura perda de tempo e dinheiro. O que despacha de uma penada a classe dos historiadores e a historiografia.
E nos faz começar a semana mais esclarecidos.

Etiquetas: ,

quinta-feira, janeiro 11, 2007

Don´t mention the war



O Courrier Internacional destaca no seu primeiro número de 2007 a questão das novas ameaças à Liberdade de Expressão, reunindo uma série de textos de historiadores e intelectuais. Além de inúmeras pistas sobre os novos focos de censura (e outros que se mantêm ou se agravaram), apresenta-se a cronologia de eventos marcantes, como o assassinato de Theo Van Gogh, o episódio dos Cartoons, ou o discurso do Papa em Ratisbona. Referem-se também os recentes casos de autocensura em Espanha, onde se suprimiram, ou modificaram, elementos de festas populares que envolviam referências ao Islão; e a "contenção natalícia", nos EUA e na Inglaterra, por forma a evitar colidir com a sensibilidade dos não-cristãos. Da leitura dos textos ressalta a ideia de que o islamismo, assumindo-se como a mais estridente ameaça à liberdade de expressão, está longe de ser o único elemento de censura e intimidação às sociedades democráticas. Grupos de pressão e organizações comunitárias, ou a ideologia do politicamente correcto, são também factores de castração à liberdade de pensamento, ao humor, à criação artística ou ao simples comportamento dos cidadãos. É uma teia complexa que se expande à medida da globalização, e donde não há saídas fáceis nem soluções milagrosas. Podemos, no entanto, apegar-nos a essa ideia de Daniel Innerarity de que "somos seres humanos quando temos tanto amor à liberdade que estamos dispostos a pagar o preço de ter de viver com a insolência e o mau gosto". E com ela enfrentar o grande debate dos próximos anos.

Alguns highlights da edição do Courrier:

"A ordem das frases é essencial. Desde o caso Rushdie [1989], vimos com frequência esta sintaxe equívoca: «Evidentemente que defendo a sua liberdade de expressão, mas...». O princípio voltairiano [Discordo do que dizes, mas defenderei até à morte o teu direito a dizê-lo] coloca os termos no sentido correcto: primeiro a desaprovação, depois a solidariedade incondicional."

Timothy Garton Ash (publicado originalmente no The Guardian)

"O medo de falar: eis com o que somos confrontados. Há que recordar que os tabus não são todos imputáveis aos fundamentalistas muçulmanos (que não brincam no que toca à susceptibilidade) e começaram, sim, com a ideologia do politicamente correcto. Uma ideologia inspirada por um sentimento de respeito para com todos, mas que hoje impede, pelo menos nos EUA, de contar piadas."

Umberto Eco (publicado originalmente no L'Espresso)

"Apesar de todo o bem que possam ter feito, no passado, os grupos de pressão comunitários, a importância crescente dos dirigentes e personalidades não-eleitas que se arrogam o direito de decidir como os outros devem falar da sua comunidade étnica e religiosa têm um efeito pernicioso (...) Claro que as nossas sociedades democráticas precisam de ensinar a maioria a respeitar os direitos das minorias, mas hoje os emigrantes e os seus descendentes têm de compreender que a ofensa é o preço a pagar pela liberdade de expressão e pensamento."

Ian Buruma (publicado originalmente na The New Republic)

"O nosso mundo é constituído por grupos que se comportam como «concessionários de auto-estima». A susceptibilidade constitui o princípio identificador: «os nossos» são os que se agrupam em torno da mesma ofensa e que se mantêm unidos por uma irritação comum. Diz-me quem te incomoda, dir-te-ei quem és."

Daniel Innerarity (publicado originalmente no El País)

"Fazer o possível para evitar incomodar certas categorias da população é paternalista. Dá a entender que não estão à altura de se defenderem verbalmente. Penso que isso é dar carta branca aos renegados! Onde estariam os direitos das mulheres e dos homossexuais se as pessoas nunca tivessem transgredido os padrões?"

Eddy Terstall, dramaturgo holandês

"Não ousaria filmar A vida de Brian, dos Monty Python, sobre os muçulmanos."

Hans Teeuwen, cineasta holandês

quarta-feira, janeiro 10, 2007

Ano Blanchett



Vi ontem o primeiro tomo da feliz sequência que irá assaltar os cinemas ao longo de 2007. E mesmo que Babel me tenha enfastiado (tal como Crash, parece sofrer da necessidade de nos falar ao coração, e apesar da sofisticação técnica e narrativa descamba numa lamechisse sonolenta), mesmo assim tinha Cate Blanchett (baleada e moribunda) e isso é razão suficiente para ir ao cinema. Este ano, aliás, não faltarão razões para ir ao cinema. Vejamos a lista: The Good German, de Steven Soderbergh; Notes on a Scandal, de Richard Eyre; I´m Not There, de Todd Haynes (onde interpreta... Bob Dylan); The Golden Age, de Shekhar Kapur; e The Curious Case of Benjamin Button, de David Fincher. E mais houvesse que eu ia a todos. Não costumo ter fixações por actrizes (só paixonetas fugazes) mas a beleza desta senhora realmente toca-me. A que distância de Scarlett e Dunst e outras ninfetas lambidas ainda sem pathos e gravidade. Há naquelas maçãs do rosto e na expressão solene e algo assustada aquilo que mais me provoca numa mulher: a sensação de que ia gostar dela. Da sua gentileza e distinção. Por mais que me enganasse - mas enganarmo-nos é condição para o encantamento. Esta senhora tem 37 anos e é australiana. E é para mim a actriz mais bela da actualidade.

segunda-feira, janeiro 08, 2007

60 anos



Em mais de três anos de acompanhamento regular da blogosfera portuguesa não me lembro de ter visto um único post sobre David Bowie (haverá certamente, mas não nos blogs que visito), o que me provoca uma certa perplexidade. Estará fora de moda? Eu também não o ouço há algum tempo. Mas foi das minhas obsessões pop durante quatro ou cinco anos (período em que reuni a discografia que me interessava - desde o debute, em 1967, com David Bowie, até ao álbum de 1980, Scary Monsters). Durante pelo menos dez anos foi dos principais faróis da música popular, vogando por estilos como o glam, o prog-rock, a soul, o funk e a electrónica experimental, e criando personas para cada um deles (Ziggy Stardust ou Thin White Duke). Nesse caminho inspirou centenas de bandas e projectos e abriu inúmeros afluentes, com repercussões incalculáveis e ainda actuais. Depois eclipsou-se durante 15 anos (há muito quem defenda os seus trabalhos dos anos 1980, mas para mim, tirando um ou outro tema, é uma fase absolutamente pálida, pelo menos se comparada com a década de 70). Até que regressou com Outside (1995), álbum conceptual de sequência inacabada, que o recoloca na vanguarda da exploração de formas. Há um outro momento interessante em 1997, Earthling, mas depois confesso que me virei para outros lados. E não gostei de Reality (2003). Entre os álbuns de sempre elejo o incontornável Ziggy Stardust (1972); The Man Who Sold The World (1970); Hunky Dory (1971); e a trilogia de Berlim (Low; Heroes; Lodger), realizada entre os anos 1977 e 1979 em estreito conúbio artístico com Brian Eno. O senhor David Bowie faz hoje 60 anos e daqui seguem os mais sentidos votos de um Feliz Aniversário.

Adenda: O Sound + Vision não deixou passar a efeméride e promete um "Ano Bowie", onde se irão explorar "os seus discos e telediscos, as suas fotos e filmes, as suas capas e versões, os seus parceiros e universos ao seu redor."

O universo maduro

O Universo vai continuar a expandir-se para sempre.
Vai tornar-se um lugar rarefeito e frio (...)
Há-de chegar o dia em que estará tudo tão diluído
Que não haverá matéria para formar galáxias.
Estamos a ver o Universo na sua maturidade.

Versos melancólicos de um cosmólogo português do Instituto Superior Técnico, citado hoje no Público a propósito de uma reportagem sobre a matéria escura - o "esqueleto gravitacional" do Universo.