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segunda-feira, maio 30, 2005

Água e pó



Voz. Qualquer pessoa minimamente informada sabe que Antony And The Johnsons vive essencialmente da Voz. Os arranjos são simpáticos, o visual do músico "deslumbrante", mas o que interessa mesmo é a Voz. E quem esteve no concerto da Casa da Música, ontem à noite, provou apenas disso - da Voz. (Apetece fazer um post a repetir a palavra Voz, terminar as frases em Voz, sempre em caixa alta - a Voz, a Voz, a Voz).

É uma Voz de homens e mulheres, que entrelaça os géneros, confunde os sexos. E tem a densidade da água e do pó. Esfuma-se, escorre, vai pelo auditório como girinos no lago. É imaterial como nenhuma outra Voz. E talvez nem sequer se inscreva nos corpos que a ouvem. É demasiado fluída, escapa-se por entre os tímpanos. É impossível memorizá-la, reproduzi-la num lalala consciente. Foi uma Voz que se ouviu. Que serpenteou durante duas horas e nos deu visões de uma beleza esquiva, aleatória, inalcançável. Foi uma Voz que se ouviu. E terminado o concerto sobraram gotas e algumas cinzas. Que ninguém limpou.

Como este é um fenómeno consensual, e de facto o personagem é um meteorito, achei interessante esta análise, que se refere a um alinhamente muito próximo do que foi apresentado no Porto e levanta reticências à "produção de génios" na imprensa musical.

sábado, maio 28, 2005

Importa-se de repetir?

Num simpósio sobre arquitectura, chegava o momento do público fazer perguntas. Havia um sistema de tradução simultânea, e os perguntadores falavam em português. O destino eram dois americanos. Uma das questões era mais ou menos esta: o facto do seu edifício parecer integrar a rua onde se localiza foi intencional? Questão simples, formulação difícil:

"Queria saber, e antes de mais nada cumprimento-vos, olá aos dois, queria saber se quando projectaram o museu xpto, e o facto desse museu se encontrar na rua xpta, se houve alguma intenção, digo, intencional, e isso parece evidente, de concomitar as paredes do museu xpto, e agora lembro-me de dois outros exemplos na cidade x e na cidade y, em que se procurou basicamente o mesmo, isto é, ter em linha de conta a projecção, no momento em que se pensava nas características da rua xpta, se realmente, e como nos aparece nas imagens, que até evocam o edifício xpts, já após a remodelação, enfim, se foi determinante esse objectivo de aproveitar a localização, mas também aqui temos de convir que já não seria novo, nem surpreendente, até no contexto do vosso trabalho, aquilo que parece ser uma desmaterialização de fachadas com o intuito, sei lá, mas também não quero especular, apenas perguntar, enfim, quero perguntar, gostava de saber, se a ideia da rua xpta se tornar parte do edifício, pelo menos aparentemente, ou como encenação, foi realmente de propósito ou aconteceu por acaso?"

Não sei que voltas e trevoltas deu o pobre intérprete para descodificar este texto digno do teatro de Beckett. Mas no final, um dos americanos, bastante zonzo, reagiu apenas: Could you say that again?

quinta-feira, maio 26, 2005

Baixinho

O que mais me encanta na escrita de Tchékhov é a fragilidade dos seus personagens, que parecem sempre algo toscos e desamparados. Estão à mercê do mundo, incapazes de interferir na sua ordem. E o máximo que fazem, por vezes, é insultá-lo baixinho.

Para quê?

(...) A água corria, sabe-se lá para onde e para quê. Assim corria em Maio; em Maio, desaguara de um riacho para o rio grande, do rio grande para o mar, do mar para as nuvens, nas nuvens fez-se chuva e talvez, agora, essa mesma água corresse outra vez diante dos olhos de Riabóvitch... Porquê? Para quê? (...)

Tchékhov, O Beijo

segunda-feira, maio 23, 2005

Milícias

A ocupação da Praça da Liberdade pelos superdragões, que varreu os adeptos benfiquistas, parecia uma acção de rua das SA nos anos 20. O Porto está habitado por uma gentinha perigosa.

domingo, maio 22, 2005

Ostia, 30 anni fa


Pier Paolo Pasolini, Auto-retrato, 1947

A versão oficial sobre a morte de Pasolini conta que o realizador foi espancado junto à praia da Ostia, em Roma, na sequência de um engate homossexual. O jovem assassino chamava-se Pino Pelosi, cognominado "Pino la rana", e foi condenado a nove anos de prisão. A história não convenceu muita gente, que aludiu à hipótese do crime ter sido orquestrado por razões ideológicas (Pasolini era um intelectual incómodo nos anos 70).

Trinta anos depois a versão poderá ser outra. Pelosi veio recentemente declarar que houve mais três pessoas envolvidas no crime. Indivíduos que gritavam "sporco comunista" enquanto davam porrada ao realizador. Cresce assim a suspeita da sova ter sido planeada e poder tratar-se de um crime político. O processo deverá ser reaberto em breve e conta já com o apoio do presidente da Câmara de Roma, Walter Veltroni, que considera a cidade como "parte prejudicada".

Pasolini foi um artista poliédrico. Pintou, escreveu, realizou filmes, embrenhou-se activamente na política. Foi um dos últimos da época dourada do cinema italiano. Deixou filmes como Accattone, Teorema, a "trilogia da vida" ou o escatológico Salò (cujas sequelas foram realizadas recentemente no Iraque pelas tropas americanas). Foi experimental na arte e desbocado na vida. Na noite de 2 de Novembro de 1975 talvez tenha pago caro pela ousadia.


Fiquei a saber disto pelo Quartzo, Feldspato & Mica

sábado, maio 21, 2005

Ainda se queixam

Desfile de carros de bombeiros, desfile de pais natais, corridas de fórmula 1, mundial da francesinha, um foguetório do camandro... Ainda se queixam que não há cultura no Porto.

sexta-feira, maio 20, 2005

Recortes

Via Alexandre Soares Silva (the most amusing reaça on earth) descobri esta página brasileira muito engraçada. A ideia é recortar conversas escutadas em locais públicos e depois colá-las num blog alimentado por diversos colaboradores. A Tesoura revê-se inteiramente no procedimento e confessa partilhar do hábito. Não se percebe bem o sentido de alguns diálogos (too much brazilian), mas outros são hilariantes. 'Bora lá devassar o povo!

quarta-feira, maio 18, 2005

Todas

As cartas pessoais podem não ter interesse como literatura mas têm as palavras todas.

domingo, maio 15, 2005

Ian Curtis (1956 - 1980)



So this is permanence -
Love shattered pride
What once was innocence,
turned on its side
A cloud hangs over me,
marks every move
Deep in the memory,
what once was love

Oh how I've realized, I wanted time
Put into perspective,
try so hard to find
Just for one moment I thought
I'd got my way
Destiny unfolded -
watched it slip away

Excessive flash points,
beyond all reach
Solitary demands for all
I'd like to keep
Let's take a ride out,
see what we can find
Valueless collection of hopes
and past desires

I never realized the lengths
I'd have to go
All the darkest corners of a sense
I didn't know
Just for one moment -
hearing someone call
Looked beyond the day in hand
There's nothing there at all

Now that I've realized how it's
all gone wrong
Got to find some therapy -
this treatment takes too long
Deep in the heart of where
sympathy held sway
Got to find my destiny before
it gets too late

Joy Division, Twenty-four Hours

Até

"(...) Mas a vida, a solidão, a dor e o terror de quê? Há este lugar, e neste lugar há este objecto? E até onde é que a música pop pode ir na procura das respostas a estas perguntas? Não pode ir longe. A música pop é demasiado limitada, está demasiado circunscrita para ir longe. Mas pode ir até aqui. Até Closer. Até.

E quem for até Closer logo verá estar parado num extremo, numa colina diante outra inalcançável imensidão. É o cabo da Roca do pequeno continente pop.

Tanto mais que, tal como todos os pontos extremos, tem, a par com a sua exuberância, a sua aridez; e, a par com a sua beleza, a sua fealdade. O lugar é assim quando se chega ao fim, quando se empurra uma fronteira para tão longe. O lugar de uma terrífica estética: as linhas claras do rebordo, as névoas incertas do além (...)"

Miguel Esteves Cardoso, Escrítica Pop

sexta-feira, maio 13, 2005


Egon Schiele

quinta-feira, maio 12, 2005

Camelos

O inenarrável túnel de Ceuta, cuja construção se arrasta desde 1995, encontra-se novamente parado e sem solução. Foi embargado pelo IPPAR, que considera que a saída do túnel iria afectar o Museu Soares dos Reis. A Câmara do Porto, entretanto, já retaliou e mesmo à entrada do museu deixou dois enormes montes de entulho, que assinalam com pompa a suspensão das obras. São duas bossas de arte contemporânea a poucos metros da porta. Eu acho apropriado. É o monumento aos camelos.

10 euros

Por mais excitante que seja um Moleskine há que pensar bem com que género de porcarias se vai gastar uma coisa que custa 10 euros.

Morte Pública

*Um indivíduo recebe a notícia de que o pai acaba de ter um enfarte no café. "O teu pai morreu", comunica-lhe alguém no momento em que chega. Afasta umas dezenas de curiosos até chegar ao corpo do pai. Estão lá clientes, polícias, pessoal do INEM e um inspector da PJ. Que lhe faz esta pergunta, quando percebe que ele é o filho. "Tem os seus documentos?".

*sobre uma história verídica

quarta-feira, maio 11, 2005

Post para assinalar a guerra (1939 - 1945)

Nos últimos dias da guerra houve milhares de violações - a mulheres jovens, idosas, grávidas e deficientes. Violações múltiplas e sequenciais. Nesses mesmos dias houve milhares de mulheres que se prestaram a violações, como moeda de troca pela vida (delas, dos maridos, dos filhos) ou por alimentos. Violações múltiplas e sequenciais. No rescaldo da guerra houve milhares de relações saídas dos escombros. Entre mulheres alemãs e soldados russos (que foram os principais actores das violações múltiplas e sequenciais).

E nem era preciso referir mais nada para que estivesse lá tudo.

quarta-feira, maio 04, 2005

Dores

Os animais também sofrem. Kusturica falou do problema em
A Vida é um Milagre, quando apresentou um burrico que se punha entre os trilhos do comboio à espera de ser varrido. Aparentemente sofria por uma burrica. Eu lembro-me de uma cena parecida, na Serra da Estrela, quando dividi em três uma cobra desempregada. E mesmo ontem, na Avenida da Boavista,
o trânsito parou por causa de um cão cheio de dívidas.

segunda-feira, maio 02, 2005

Max Ernst

Ora aqui está um tipo que sabe pronunciar correctamente "Max Ernst".

Divinópolis

Gosta-se do Brasil também por isto: através do Gávea descobri que em Minas Gerais existe uma cidade chamada Divinópolis.

Maio

Little girl (with blue eyes)
there's a hole in your heart
and one between your legs
You've never had to wonder
which one he's going to fill

Little Girl (With Blue Eyes), Pulp